terça-feira, 4 de outubro de 2011

Filarmónica Idanhense


A Filarmónica Idanhense foi fundada em Julho de 1888, pelo Sr. Christiano Pereira Barata, abastado comerciante da Vila de Idanha-a-Nova, e adoptou como dia festivo o 8 de Dezembro, data em que tradicionalmente comemora o seu aniversário.

Uma das primeiras actuações da Filarmónica Idanhense teve lugar a 5 de Setembro de 1891, aquando da inauguração da linha férrea da Beira Baixa, evento a que presidiram Suas Altezas Reais D. Carlos e D. Amélia, tendo dispensado à Filarmónica Idanhense palavras de muito apreço e gratidão.

Necessariamente, ao longo dos anos muitas foram as metamorfoses e vicissitudes por que passou a Filarmónica Idanhense, tendo mesmo estado agregada à já extinta Assembleia, colectividade dos “senhores” de Idanha, conseguindo dela emancipar-se em 1916, já com a designação actual, nome que mantém ainda hoje.

Como todas as colectividades, muito especialmente as suas congéneres, a Filarmónica Idanhense teve momentos áureos, outros de desalento e outros ainda de inactividade, para o que contribuíram, essencialmente, factores sócio-económicos e políticos muito peculiares do Século XX, na primeira metade devido a duas Guerras Mundiais e, na segunda metade, devido à Guerra Colonial e à emigração que muito se fez sentir na altura, particularmente não só nesta mas em todas as zonas raianas.

Pena é que grande parte da cronologia histórica da Filarmónica Idanhense tenha desaparecido na memória dos tempos e outra esteja dispersa por particulares que a não fazem chegar à sua posse, pelo que não é possível delinear todo o seu historial, que se presume riquíssimo, aproveitando-se apenas alguns episódios que perduram na tradição oral das gentes deste concelho raiano, com mais precisão nas da Vila de Idanha a Nova.

Muitas foram as pessoas ilustres que passaram pela Filarmónica Idanhense, merecendo especial destaque, na década de vinte, os Mestres José Queirós (Mineiro) e D. Segundo Salvador, Álvaro Hermenegildo Pereira, Luciano José Inácio e Jaime Moreira entre os anos de 1930 a 1945, não esquecendo o Professor José Monteiro, que iniciou os seus estudos musicais na Filarmónica Idanhense, sendo desde 1997 professor de vários cursos de música sob a égide do INATEL.

Nos primeiros anos da década de cinquenta, a Filarmónica Idanhense esteve inactiva, até que em 1958 tomou novo fôlego, para o que muito contribuiu a compra de instrumental novo, gentilmente ofertado pela Casa Marquês da Graciosa, tendo tido como Mestres, até 1970, Eduardo Reis de Carvalho (Filho), Manuel Jóia e José Filipe.

A Guerra Colonial fez novamente estremecer o bom funcionamento da Filarmónica Idanhense até que, em 1974, novo impulso trá-la até à presente data, para o que contribuíram os Mestres Jaime Antunes Reis, o idanhense Joaquim dos Santos, Joaquim Cabral, Jorge Correia e, desde 1996, o também coordenador da Escola de Música, Professor Carlos Monteiro.

Vivendo essencialmente para abrilhantar festas e romarias da sua zona de influência, cujo concelho (o de Idanha a Nova) é o segundo maior do País em extensão e onde a Filarmónica Idanhense é a única colectividade do género existente, mantém boas e cordiais relações com outras Bandas de todo o território nacional, participando em vários convívios quer em Idanha-a-Nova, por sua iniciativa, quer noutras zonas de Portugal, a convite, mesmo em Espanha, onde já e deslocou algumas vezes e até mesmo em França, a pedido duma comunidade onde a presença de idanhenses é muito forte.

Uma vivência tão forte e intensa só é possível com uma Escola de Música em pleno funcionamento, contando no presente com mais de meia centena de alunos, de quase todas as freguesias do concelho e todos em idade escolar, que a Filarmónica Idanhense faz deslocar à sua Sede, aos Sábados, transportados em viaturas próprias da Filarmónica.

O corpo de executantes da Filarmónica Idanhense é hoje de 37 elementos, com idades entre os 10 e os 74 anos, sendo que 80% tem idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos, frequentando dezasseis deles o Conservatório Regional de Castelo Branco ao abrigo dum acordo entre aquela entidade, a Câmara Municipal de Idanha a Nova e a Filarmónica Idanhense.

Com sede no Largo dos Açougues, em Idanha-a-Nova, em edifício cedido gratuitamente pela Câmara Municipal, entidade que no ano de 2002 ajudou na renovação de quase todo o instrumental e que consistiu na compra de 22 instrumentos novos, a Filarmónica Idanhense é a associada nº. 15 da Federação Portuguesa de Bandas Civis e a nº. 1511 da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio e está inscrita no Centro de Cultura e Desporto do INATEL sob o nº. 4220.

Parte do concerto desta Filarmónica com o Janita Salomé no passado dia 1 de Maio num Tributo a Zeca Afonso.

sábado, 1 de outubro de 2011

Japoneses afectados pelo terramoto e pelo desastre nuclear poderão instalar-se no concelho de Idanha-a-Nova.


Agricultores japoneses, da zona de Fukushima (afectada pelo terramoto e pelo desastre nuclear) poderão instalar-se no concelho de Idanha-a-Nova. O projecto Fukushima-Go au Portugal, desenvolvido pela associação Cahrity Association está a dar os primeiros passos e em estudo está também a possibilidade daquele concelho poder receber estudantes, órfãos, nas suas escolas.

Para já a associação fez a sua inscrição na incubadora de base rural que a Câmara de Idanha-a-Nova está a implementar. Na última semana, os promotores da iniciativa foram recebidos pelo vice-presidente da Câmara de Idanha, Armindo Jacinto, e puderam ver os terrenos agrícolas disponíveis.

A comitiva liderada pela arquitecta Hiroko Kageyama, integrou ainda um especialista do sector agrícola (Katsuyoshi Hashimoto), o proprietário de uma quinta de agricultura biológica (Ronaldo Oya) e um conceituado chefe de cozinha japonesa (Hisayuki Takeuchi).

O projecto prevê a instalação de seis agricultores japoneses (ou três famílias) e a exploração de cerca de 10 hectares de terreno. O objectivo passa pela produção biológica de produtos da terra, os quais se destinarão aos mercados de alta cozinha japonesa e às superfícies que comercializam agricultura biológica. Outra das apostas passa pela criação da marca de produtos culinários «Fukushima-go/Naturtejo».

Mas o projecto vai mais longe. O próprio Geopark Naturtejo sairá beneficiado através da promoção de turismo de natureza de qualidade, tendo em conta o gosto dos japoneses.

Outra possibilidade é a vinda de alunos, órfãos, para o concelho de Idanha-a-Nova, de forma a que aqui prossigam os seus estudos, não só os regulares como os superiores, já que a Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco está sedeada em Idanha-a-Nova. Contudo, esta é apenas uma hipótese que está a ser estudada.

Armindo Jacinto, vice-presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, mostra-se empenhado em concluir este projecto que além de solidário é também uma mais valia para o concelho de Idanha-a-Nova e para o próprio Geopark Naturtejo. "O nosso objectivo é criarmos um canal de conhecimento do nosso território, na produção de produtos biológicos para exportação e para consumo nacional. Nesse sentido fomos visitados por um grupo de responsáveis do movimento. Fizeram a sua inscrição na nossa incubadora de base rural e tiveram a possibilidade de visitar os espaços disponíveis", explica.

O vice-presidente da autarquia idanhense recorda que esta possibilidade partiu de contactos realizados "com um grupo de pessoas ligadas ao Japão, as quais criaram um movimento solidário com chefes de cozinha franceses. Um movimento que envolve gente de vários países como os Estados Unidos. Estes chefes e os seus restaurantes têm feito um conjunto de acções solidárias para recolher fundos para apoiar órfãos e a actividade agrícola no norte do Japão".

Armindo Jacinto, que em breve se deslocará ao Japão para apresentar o projecto, sublinha a componente solidariedade. "Surgiu a hipótese de colaborarmos com uma acção de solidariedade mundial, através da produção de produtos regionais de qualidade e do turismo de natureza. Com esta colaboração vai ser também possível promovermos os nossos produtos e o nosso território", diz.

O autarca mostra-se também sensível às questões humanitárias: "muitas vezes, fruto da sociedade de consumo em que vivemos, esquecemo-nos das questões sociais e da sua dimensão. O que sucedeu no norte de Japão, com o terramoto e o acidente da central nuclear, foi catastrófico. Os agricultores ficaram sem terras para cultivar, muitas crianças e jovens ficaram órfãos surgindo uma situação social muito complicada, e nós estamos empenhados em apoiá-los".

De referir que a associação Charity é suportada pelas instituições Culinary Messengers, Carrefour de l'Art de Vivren e Chefs Help Japan, entre outras.